Cinquenta anos, esse é o tempo previsto para que se consiga criar vida a partir do "nada". O autor da previsão é Filipe Luig, investigador da área da bionanotecnologia na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL). Luig trabalha atualmente na fabricação de nano-sensores, constituídos por Silício e ADN (Ácido desoxirribonucleico).

Com a nanotecnologia pretende-se a construção de estruturas e novos materiais a partir de átomos. No futuro, quando esta tecnologia estiver dominada pelo homem, tudo poderá ser feito, pois tudo é feito de átomos. "Poderá criar-se vida a partir de moléculas de água e ar", complementa Filipe Luig.

O Premio Nobel da Física de 1965, ganho por Richard D. Feynman, introduziu este conceito pela primeira vez. Em 29 de Dezembro de 1959, numa palestra dada no encontro anual da Sociedade Americana de Física, defendeu a hipótese de não existirem quaisquer obstáculos teóricos à construção de pequenos dispositivos compostos por elementos muito pequenos, os átomos. O investigador da FCT-UNL acredita que no futuro tudo será feito com a mesma base que os seres humanos: "Os nano-computadores serão construídos com ADN, como os humanos."

"Estamos a chegando ao limite da miniaturização dos chips de silício, usados nos computadores. Prevê-se que, daqui a 10 anos, iremos teremos uma alternativa ao silício. Essa alternativa será o ADN", explica o investigador.

Estes nano-computadores irão fazer tudo o que os atuais fazem, com a respectiva evolução. Enquanto que, atualmente, a informação é transportada por elétrons e transistores para a processar, será o ADN a encarregar-se desses processos. O avanço será tal que irá obrigar o Homem a tornar-se biônico. "Os processadores dos computadores irão ser tão rápidos e com tal capacidade que teremos de implantar chips biônicos no cérebro para que este consiga acompanhar a velocidade de processamento da máquina", diz Filipe Luig, fundamentado em uma promessa feita em 1995, pelo presidente da Intel, Gordon E. Moore.

"A Lei de Moore diz-nos que a capacidade de processamento dos chips duplica a cada 18 meses e estes diminuem de tamanho na ordem inversa."

Aliás, "prevendo a evolução da humanidade ao ritmo que actualmente temos, nos 90 anos que faltam para o fim do século iremos evoluir 20 mil anos", acrescenta. Teoricamente o homem terá poderes parecidos com o de Deus.

Fonte: dn.sapo.pt
Via: Patio Gospel